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A VIDA DE SÃO FRANCISCO DE SALES
Os anos convulsionados na França, depois da Reforma Protestante, formaram o pano de fundo da vida de Francisco de Sales. Ele nasceu no dia 21 de agosto de 1567 de uma família nobre, no reino da Sabóia, situado entre a França, Itália e Suíça. Por devoção dos pais ao Poverello de Assis, recebeu seu nome e, chegado ao uso da razão, o menino escolheu-o por patrono e guia. Ele estudou no Colégio de Clermont dos Jesuítas, em Paris, e na Universidade de Pádua, onde se doutorou no Direito Canônico e Civil.
Aos 18 anos, o jovem enfrentou a mais terrível provação de sua vida: uma tão violenta tentação de desespero, que lhe causava a impressão de ter perdido a graça divina e estar destinado a odiar eternamente a Deus. Exclamou certo dia na igreja de Saint Etienne des Grés, no auge de sua angústia --, "Senhor! Fazei com que eu jamais blasfeme contra Vós, mesmo que não esteja predestinado a ver-Vos no Céu. E se eu não hei de amar-Vos no outro mundo, concedei-me pelo menos que, nesta vida, eu Vos ame com todas as minhas forças!". Rezando depois humildemente o "Lembrai-Vos", aos pés de Nossa Senhora, invadiu-lhe a alma uma tão completa paz e confiança, que a provação esvaiu-se como fumaça.
Aos 24 anos, voltou para junto da família. O pai escolhera para ele a jovem herdeira de uma das mais nobres famílias do lugar. E ofereceram-lhe o cargo de membro do Senado saboiano. Para o seu pai, foi uma grande decepção que Francisco não aceitou uma carreira esplêndida no mundo, mas preferiu o sacerdócio. Depois da ordenação, o seu bispo o enviou como jovem missionário para Chablais, por quatro anos. Lá ficou famoso por seus folhetos em defesa da fé, além de escapar de um atentado contra sua vida. Ao finalizar o seu apostolado de missionário, ele tinha persuadido cerca de 72.000 Calvinistas a voltar para a Igreja Católica.
No seu itinerário de pregações, de zelo apostólico e de evangelização, semeando a unidade e espalhando, com a ajuda da imprensa, a sã doutrina cristã, foi escolhido para ser bispo de Genebra em 1602. Sua diocese tornou-se muito conhecida na Europa por motivo de sua organização eficiente, seu clero zeloso e os leigos bem esclarecidos. A sua fama como diretor espiritual e escritor aumentava. Um apóstolo do amor e da misericórdia. Um homem que conseguiu expressar, com o seu amor e a sua vida, a mansidão do Senhor. Mas o seu projeto especial, a pedido de Santa Joana de Chantal, foi o escrito do Tratado do Amor de Deus, onde ele desenvolve seu lema: "a medida de amar a Deus é amá-lo sem medida".
Em seu leito de morte, no dia 28 de dezembro de 1622, aos 55 anos de idade, o resplendor de seu rosto, arrebatou de admiração os que o contemplavam. O culto ao santo começou no próprio momento de sua morte. E foi sempre recompensado, algumas vezes com estupendos milagres. O espírito e a fama de Francisco e a influência dos seus escritos se estenderam rapidamente depois de sua morte. A Igreja o declarou santo formalmente em 1665 e lhe deu o título excepcional de Doutor da Igreja em 1867. E Pio XI, na encíclica Rerum omnium, de 1923, atribuiu-lhe o glorioso título de Patrono dos jornalistas e escritores católicos.
A sua festa a Igreja celebra no dia 24 de janeiro. Diferente de muitos santos; cujas vidas, repletos de acontecimentos maravilhosos, parecem estar fora do alcance de cristãos comuns; a vida de Francisco de Sales não apresenta nada de sensacional. Os seus ideais de moderação e caridade, de gentileza e humildade, de alegria e entrega à vontade de Deus são expressos com uma sensatez que anima os fracos e alimenta os fortes. O Papa Paulo VI escreveu uma Carta Apostólica, em 1967, que diz: "Nenhum dos Doutores da Igreja, mais do que São Francisco de Sales preparou as deliberações e decisões do Concílio Vaticano II com uma visão tão perspicaz e progressista. Ele oferece a sua contribuição pelo exemplo da sua vida, pela riqueza da sua verdadeira e sólida doutrina, pelo fato que ele abriu e reforçou as veredas da perfeição cristã para todos os estados e condições de vida. Propomos que essas três coisas sejam imitadas, acolhidas e seguidas."
São Francisco de Sales, rogai por nós!
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